terça-feira, 21 de junho de 2022

Transitividade verbal: intransitivos, transitivos diretos e indiretos, diretos e indiretos (bitransitivos)

 

Conteúdos

– Transitividade verbal: intransitivos, transitivos diretos e indiretos, diretos e indiretos (bitransitivos)

Objetivos

– Apresentar os usos de verbos transitivos e intransitivos na língua portuguesa
– Perceber a importância da transitividade verbal na construção de sentido de uma sentença
– Conseguir construir predicados verbais durante jogo proposto na aula

1ª Etapa: Início de Conversa

Essa é uma aula voltada para o conhecimento de formas de elaboração de sentidos em sentenças linguísticas por meio do recurso da transitividade verbal. Para que os alunos possam assimilar o conteúdo gramatical em torno do funcionamento do verbo com relação aos de mais elementos de uma oração, irão trabalhar com exercícios de fixação e, ao final, participarão de um jogo de criação de frases proposto pelo(a) professor(a).

O objetivo é apresentar as regras existentes na Língua portuguesa sobre verbos intransitivos, verbos transitivos diretos e indiretos, diretos e indiretos (bitransitivos), por meio de uma seleção de exercícios capazes de apresentar uma diversidade de textos e exemplos de emprego da transitividade verbal. O jogo será utilizado como ferramenta didática para que o conteúdo seja assimilado de forma mais dinâmica, para além da resolução de exercícios.

Abaixo, um breve resumo das regras de utilização dos verbos transitivos e intransitivos, que podem ser encontradas no site Info Escola (conferir seção “Para organizar o seu trabalho e saber mais):

Transitividade verbal

A transitividade verbal é o processo por meio do qual a ação verbal se transmite (ou transita) a outros termos da oração que atuam como seus complementos. Dessa forma, quanto à predicação, os verbos apresentam a seguinte classificação: 1) verbos intransitivos; 2) verbos transitivos diretos, indiretos, diretos e indiretos (bitransitivos).

1. Verbos intransitivos

Há verbos cujo sentido não depende de complemento, pois eles já contêm uma ideia ou uma ação. Esses verbos apresentam, portanto, predicação completa e classificam-se como verbos intransitivos. Veja os exemplos:

Nossas encomendas chegaram.
As plantas morreram.
Os peixes nadam.
Em agosto, as cerejeiras florescem.

Observe que, para a compreensão da informação sobre o sujeito das orações acima, não necessitamos de outros complementos além do verbo. Isso é possível porque os verbos destacados apresentam ideia de ação completa.

2. Verbos transitivos

Por outro lado, há verbos que trazem consigo a necessidade de complementação por outros termos para formarem o predicado. São verbos que apresentam predicação incompleta e são denominados verbos transitivos. Veja exemplos:

José puxou a rede no fim da tarde.
No sábado, nós assistimos ao desfile.
Eu comprei os melhores livros da promoção.
Sebastião encontrou o dinheiro embaixo da cama.

Percebe-se que os verbos acima, sem os respectivos complementos, apresentam informação incompleta. A fim de facilitarmos a identificação do verbo quanto à predicação, podemos fazer perguntas a ele: Puxou – o quê? Assistimos – a quê? Comprei – o quê? Encontrou – o quê?

As perguntas acima indicam que a relação entre os verbos transitivos e os complementos pode se estabelecer de diferentes modos. Algumas vezes, os verbos ligam-se aos complementos diretamente (verbos puxar e comprar), outras vezes, o próprio verbo transitivo irá indicar o uso de uma preposição que faça essa ligação (verbo assistir “solicita” a preposição “a” antes do complemento). Já no caso do verbo encontrar, o sentido do verbo só se completa através de uma ligação direta e outra indireta com seus complementos (“o dinheiro”- sem preposição + “embaixo da cama”- com preposição).

Por isso, os verbos transitivos classificam-se em a) diretos, b) indiretos, c) diretos e indiretos (bitransitivos):

a) Verbos transitivos diretos

São os verbos cuja relação com o seu complemento é construída de modo direto, ou seja, sem a presença de preposições que se interponham entre eles. Assim, nessa relação, o complemento verbal é denominado “objeto direto”. Considere os seguintes exemplos:

João trazia  suas ferramentas na mala.
(trazia = verbo transitivo direto / suas ferramentas = objeto direto)

Nós adotamos os cães.
(adotamos = verbo transitivo direto / os cães = objeto direto)

Naquela noite, ela usou o longo vestido negro.
(usou = verbo transitivo direto / o longo vestido negro = objeto direto)

Comprei o terreno e construí a casa.
(comprei e construí = verbos transitivos diretos / um terreno e a casa = objetos diretos)

b) Verbos transitivos indiretos

São aqueles que necessitam de uma preposição para se ligarem ao complemento verbal, fazendo com que a relação entre eles seja estabelecida de modo indireto. Seu complemento denomina-se, portanto, “objeto indireto”. Veja exemplos:

Os filhos obedecem aos pais.
(obedecem a – obedecer a = verbo transitivo indireto / os pais = objeto indireto)

“Ansiava pelo novo dia que vinha nascendo.” (Fernando Sabino)
(ansiava por – ansiar por = verbo transitivo indireto / o novo dia = objeto indireto)

Ele crê na sua absolvição em breve.
(crê em – crer em = verbo transitivo indireto / a sua absolvição = objeto indireto)

Observe que nos casos acima as preposições e os artigos estão contraídos, ou seja, estão unidos para que formem uma única palavra, mesmo que em alguns casos sofram alguma redução. Veja como foram construídos:

Obedecem aos pais = prep. a + art. definido os
Ansiava pelo novo dia = prep. por + art. definido o
Ele crê na sua absolvição = prep. em + art. definido a

c) Verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos)

São verbos que necessitam de dois complementos, dois objetos – direto e indireto, respectivamente – para transmitirem a ação verbal. Alguns exemplos:

Dona Rosa oferecia refeições aos pobres.
(oferecia – oferecer = verbo transitivo direto e indireto / refeições = objeto direto / aos pobres = objeto indireto)

A professora ensinou a matéria aos alunos.
(ensinou – ensinar = verbo transitivo direto e indireto / a matéria = objeto direto / aos alunos = objeto indireto)

Sem que fosse visto, o menino entregou a carta ao pai.
(entregou – entregar = verbo transitivo direto e indireto / a carta = objeto direto / ao pai = objeto indireto).

Percebe-se que, nos exemplos acima, os verbos “solicitam” que o complemento indique: o que se oferecia (refeições) e a quem (aos pobres); o que se ensinou (a matéria) e a quem (os alunos); o que se entregou (a carta) e a quem (o pai).

3. Transitividade verbal e o contexto de utilização dos verbos

Em alguns casos, é o emprego do verbo na oração que vai determinar a sua transitividade. Ou seja, alguns verbos podem apresentar variação na transitividade a depender do contexto em que forem utilizados. Um exemplo disso é o verbo pagar. Veja exemplos:

Ronaldo pagou o boleto.
(verbo transitivo direto)

menino pagou ao vendedor.
(verbo transitivo indireto)

Paguei o ordenado ao meu funcionário.
(verbo transitivo direto e indireto)

2ª Etapa: Sensibilização do tema e exercícios de fixação

Sugere-se que o(a) professor(a) converse com os estudantes a fim de investigar o que sabem sobre a estruturação de uma oração. Feito isso, irá expor no quadro as regras e alguns exemplos existentes na Língua Portuguesa sobre transitividade verbal (consultar guia na seção “Para organizar o seu trabalho e saber mais”). O conteúdo poderá ficar no quadro até o fim da aula para possíveis consultas durante os exercícios de fixação.

Seria interessante que o(a) professor(a) levantasse a questão da relação do verbo com seus complementos para compor o sentido de uma determinada frase. O objetivo é que, no momento da sensibilização, os alunos possam compreender de que maneira o significado de uma sentença depende dos mecanismos sintáticos utilizados para compô-la.

Depois de discutir o conteúdo com os alunos, o(a) professor(a) entregará uma lista de exercícios aos estudantes e pedirá que tentem resolver as questões individualmente. Abaixo, os exercícios retirados da lista citada na seção “Materiais Relacionados”:

1) (Mack-1996) “Há uma gota de sangue em cada poema.” Assinale a alternativa que contém uma observação correta sobre a sintaxe dessa frase.

a) sujeito: uma gota de sangue.
b) verbo intransitivo.
c) adjuntos adverbiais: uma e de sangue.
d) complemento nominal: em cada poema.
e) predicado verbal: toda a oração.

Resposta: e

2) (IBMEC-2006) Assinale a alternativa correta considerando o período abaixo.

Saímos apressados daquela reunião.

a) Tem-se predicação verbal, já que o núcleo do predicado é saímos — verbo intransitivo.
b) Tem-se predicação nominal, já que o núcleo do predicado é apressados — predicativo do sujeito.
c) Tem-se predicação verbal, já que o núcleo é saímos e apressados é um complemento nominal.
d) Tem-se predicação verbo-nominal, já que saímos e apressados constituem núcleos do predicado.
e) Tem-se predicação verbo-nominal, já que apresenta dois núcleos: saímos e reunião.

Resposta: d

3) (UFV-1996) Dependendo do contexto, um verbo normalmente intransitivo pode tornar-se transitivo. Assinale a alternativa em que ocorre um exemplo:

a) “Ponha intenções de quermesse em seus olhos…”
b) “…sorria lírios para quem passe debaixo da janela.”
c) ” beba licor de contos de fadas…”
d) “Ande como se o chão estivesse repleto de sons…”
e) “… e do céu descesse uma névoa de borboletas…”

Resposta: b

4) (Unirio-1998) TERRA

“Tudo tão pobre. Tudo tão longe do conforto e da civilização, da boa cidade com as suas pompas e as suas obras. Aqui, a gente tem apenas o mínimo e até esse mínimo é chorado.

Nem paisagem tem, no sentido tradicional de paisagem. Agora, por exemplo, fins d’águas e começos de agosto, o mato já está todo zarolho. E o que não é zarolho é porque já secou. Folha que resta é vermelha, caíram as últimas flores das catingueiras e dos paus-d’arco, e não haveria mais flor nenhuma não fossem as campânulas das salsas, roxas e rasteiras.

No horizonte largo tudo vai ficando entre sépia e cinza, salvo as manchas verdes, aqui e além, dos velhos juazeiros ou das novatas algarobas. E os serrotes de pedra quando o sol bate neles de chapa, tira faíscas de arco-íris. E a água, a própria água, não dá impressão de fresca: nos pratos-d’água espelhantes ela tem reflexos de aço, que dói nos olhos.

A casa fica num alto lavado de ventos. Casa tão rústica, austera como um convento pobre, as paredes caiadas, os ladrilhos vermelhos, o soalho areado. As instalações rudimentares, a lenha a queimar o fogão, a água de beber a refrescar nos potes. O encanamento novo é um anacronismo, a geladeira entre os móveis primitivos de camaru parece sentir-se mal.

Não tem jardim: as zínias e os manjericões que levantavam um muro colorido ao pé dos estacotes, estão ressequidos como ramos bentos guardados num baú. Também não tem pomar, fora os coqueiros e as bananeiras do baixo.

Não tem nada dos encantos tradicionais do campo, como os conhecimentos pelo mundo além. Nem sebes floridas, nem regatos arrulhantes, nem sombrios frescos do bosque – só se a gente der para chamar a caatinga de bosque.

Não, aqui não há por onde tentar a velha comparação, a clássica comparação dos encantos do campo aos encantos da cidade. Aqui não há encantos. Pode-se afirmar com segurança que isto por aqui não chega sequer a ser campo. É apenas sertão e caatinga. As delgadas, escuras cercas de pau-a-pique cavalgando as lombadas, o horizonte redondo e desnudo, o vento nordeste varrendo os ariscos.

Comparo este mistério do Nordeste ao mistério de Israel. Aquela terra árida, aquelas águas mornas, aqueles pedregulhos, aqueles cardos, aquelas oliveiras de parca folhagem empoeirada – por que tanta luta por ela, milênios de amor, de guerra e saudade?

Por que tanto suor e carinho no cultivo daquele chão que aparentemente só dá pedra, espinho e garrancho?

Não sei. Mistério é assim: está aí e ninguém sabe. Talvez a gente se sinta mais puros, mais nus, mais lavados. E depois a gente sonha. Naquele cabeço limpo vou plantar uma árvore enorme. Naquelas duas ombreiras a cavaleiro da grota dá para fazer um açudinho. No pé da parede caberão uns coqueiros e no choro da revência, quem sabe, há de dar umas leiras de melancia em novembro.

Aqui tudo é diferente. Você vê falar em ovelhas – e evoca prados relvosos, os brancos carneirinhos redondos de lã. Mas as nossas ovelhas se confundem com as cabras e têm o pêlo vermelho e curto de cachorro-do-mato; verdade que os cordeirinhos são lindos.

Sim, só comparo o Nordeste à Terra Santa. Homens magros, tostados, ascéticos. A carne de bode, o queijo duro, a fruta de lavra seca, o grão cozido n’água e sal. Um poço, uma lagoa é como um sol líquido, em torno do qual gravitam as plantas, os homens e os bichos. Pequenas ilhas d’água cercadas de terra por todos os lados e em redor dessas ilhas a vida se concentra.

O mais é paz, o sol, o mormaço.”

Raquel de Queirós

Assinale a opção correta quanto à predicação atribuída ao verbo sublinhado na passagem do texto:

a) “A casa fica num alto lavado de ventos.” (parágrafo 5) – ligação
b) “Aqui não há encantos.” (parágrafo 8) – intransitivo
c) “… que levantavam um muro colorido ao pé dos estacotes,” (parágrafo 6) – transitivo direto e indireto
d) “Sim, só comparo o Nordeste à Terra Santa.” (parágrafo 7) – intransitivo
e) “…em torno do qual gravitam as plantas, os homens e os bichos.” (parágrafo 13) – intransitivo

Resposta: e

5) (Mack-1996) (…) “Do Pantanal, corra até Bonito, onde um mundo de águas cristalinas faz tudo parecer um imenso aquário.”

(O Estado de São Paulo)

Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação dos verbos do período acima, quanto à sua predicação.

a) intransitivo – transitivo direto – de ligação
b) transitivo indireto – transitivo direto – de ligação
c) intransitivo – transitivo direto – transitivo direto
d) transitivo indireto – transitivo direto – transitivo direto
e) intransitivo – intransitivo – intransitivo

Resposta: c

6) (FGV-2003) Assinale a alternativa em que, pelo menos, um verbo esteja sendo usado como transitivo direto.

a) Dependeu o coveiro de alguém que rezasse.
b) Oremos, irmãos!
c) Chega o primeiro raio da manhã.
d) Loureiro escolheu-nos como padrinhos.
e) Contava com o auxílio de Marina para cuidar do evento.

Resposta: d

3ª Etapa: Proposta de atividade - Criação de frases

Nesse momento da aula, o(a) professor(a) irá propor um jogo aos alunos. A turma irá se dividir em grupos de cinco alunos, o jogo acontecerá em dez rodadas. Dentro de um pote (1), ou outro recipiente qualquer, o(a) professor(a) terá dez substantivos escritos em dez pedaços de papel dobrados. Em outro pote (2), haverá dez papéis dobrados contendo verbos transitivos. Em um terceiro pote (3), o(a) professor(a) colocará dez termos que possam funcionar como objeto direto e indireto, sendo eles substantivos, adjetivos, advérbios, pronomes e outros que o(a) professor(a) queira utilizar.

A cada rodada, o(a) professor(a) irá sortear um substantivo do pote 1, um verbo do pote 2 e um complemento ou dois complementos do pote 3. Quando a combinação dos termos não fizer sentido, o(a) professor(a) deverá colocar o papel retirado de lado, sortear outra palavra do respectivo pote e, depois, retornar a palavra não utilizada ao seu pote de destino. Cada grupo deverá elaborar uma frase com os termos sorteados e anotá-la em uma folha, em todas as rodadas. Atenção: as palavras que forem sendo sorteadas, não devem voltar a seus potes de origem, devem permanecer fora do pote em sequência, para que o(a) professor(a) retome as rodadas com os alunos depois.

Ao final das dez rodadas, o(a) professor(a) pedirá que cada grupo lhe entregue sua folha contendo as dez frases formadas durante o jogo. O(A) professor(a) anotará as frases dos grupos no quadro seguindo a ordem das rodadas. Dessa forma, fará a análise sintática das frases em parceria com a turma, analisando em conjunto a estrutura das frases, seu sentido e, quando houver, suas inadequações, de forma que promova um aprendizado coletivo e não apontando erros desse grupo ou daquele.

Materiais Relacionados

– O guia Predicação Verbal servirá como material base para o(a) professor(a) apresentar o conteúdo aos alunos. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

– Confira os exercícios de fixação do conteúdo e seus respectivos gabaritos. Trata-se de uma ampla lista de exercícios de sintaxe que o(a) professor(a) poderá utilizar em outros momentos, se desejar. Acesso em: 14 de agosto de 2018.

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