quarta-feira, 11 de maio de 2022

Realismo e Naturalismo

 



O realismo consolidou-se como movimento literário a partir da obra de Gustave Flaubert. Flaubert é considerado o pai do realismo. Sua Madame Bovary (1857)

Enredo

A história do romance gira em torno da protagonista Emma Bovary, uma jovem criada no campo e educada em um convento. Leitora ávida e com grandes sonhos burgueses, Emma vive a imaginar uma vida mais apaixonada e agitada que a sua. Para sair do campo, casa-se com um médico interiorano sem ambições.

Porém, pouco tempo depois do casamento, percebe que a vida de casada não era tão encantadora quanto o que era retratado nos livros que lia. Nem mesmo o nascimento de sua filha a deixa menos frustrada com a escolha que fez.

Cada dia mais angustiada, a jovem camponesa encontra no adultério a liberdade e excentricidade que tanto buscava. Assim, Madame Bovary passa a se envolver secretamente com outros homens.

Em determinado ponto da história, Emma sente-se decepcionada com um de seus amantes, além de estar abarrotada de dívidas geradas por sua infidelidade. Desesperada, se envenena e morre. Seu marido, após descobrir as traições e as dívidas, acaba morrendo de desgosto.




realismo, movimento estético predominante no mundo ocidental no último quartel do século XIX, surgiu como uma onda de oposição à subjetividade e ao individualismo da tendência artística anterior, o romantismo. Com a intenção de fazer da arte uma representação fidedigna e verossímil da realidade, escritores, pintores, escultores, músicos e dramaturgos privilegiaram a objetividade em suas obras, atentos à veracidade das situações cotidianas.


Por volta da década de 1870, o Partido Republicano organizou-se no Brasil, ao mesmo tempo em que as oligarquias cafeeiras passaram a incorporar um discurso em favor da industrialização e da modernização do país. Tal posicionamento estava em consonância com as leis abolicionistas que favoreceram a substituição da mão de obra escrava pelo imigrante europeu. 


Em 1889, a Proclamação da República acabou com a Monarquia, mas a ascensão do Exército ao poder não atendia às ambições das elites cafeeiras do Sudeste brasileiro. Nesse contexto, surge o Realismo, expondo, por meio de suas obras literárias, a crise do Império, os ideais abolicionistas e republicanos. 

Esse movimento apresentou ideias contrárias ao Romantismo, inspiradas principalmente no Positivismo, no Evolucionismo e na filosofia alemã, como o Objetivismo, o Determinismo, o Materialismo e o Cientificismo. 

O marco literário do Realismo se deu em 1881 com a publicação de duas obras: "O Mulato", de Aluísio de Azevedo, o primeiro romance naturalista; e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, o primeiro romance realista da literatura brasileira.


"Afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Esse mistério marca Dom Casmurro, romance de Machado de Assis que se tornou um dos grandes clássicos da Literatura brasileira."

Casmurro - Aquele que é teimoso, triste,  obstinado; quem insiste e não desiste.




O Derrubador brasileiro” (1879, óleo sobre tela) e “Caipira Picando Fumo” (1893, óleo sobre tela), de Almeida Junior. Imagem disponível no banco de imagens Warburg (UNICAMP).



Romance Realista

Os romances realistas apresentam uma narrativa voltada para a análise psicológica e crítica da sociedade. Machado de Assis é o principal representante dessa fase. As principais obras são: Memórias Póstumas de Brás Cubas; Quincas Borba; Dom Casmurro; Esaú e Jacó; Memorial de Aires.


Romance Naturalista

Os romances Naturalistas apresentam uma análise social a partir de grupos humanos marginalizados. Aluísio de Azevedo e Júlio Ribeiro são os principais representantes dessa fase, outro autor é Raul Pompéia, que apresenta características ora naturalista, ora realistas e ora impressionista. As obras desse período são: o Mulato; O Cortiço; Casa de Pensão; O Ateneu.











Características do realismo

  • Valorização da objetividade e dos fatos.
  • Impessoalidade, apagamento das ideias do autor.
  • Descrições de tipos sociais ou situações típicas.
  • Fim das idealizações: retratos de adultério, miséria e fracasso social.
  • Prevalência das formas do romance e do conto.
  • Frequentes críticas às hipocrisias da moralidade da nova classe dominante, a burguesia.
  • Aceitação da realidade tal como ela é, em oposição aos anseios de liberdade dos românticos.
  • Esteticismo: linguagem culta e estilizada, escrita com proporção e elegância.
  • Tentativa de explicar o real, recorrendo muitas vezes à ciência ou ao determinismo.
  • Abordagem psicológica das personagens como composição da realidade que veem.

O que diferencia o naturalismo é a abordagem patológica das personagens e situações. 

Enquanto o realismo privilegia mergulhos psicológicos nas personagens, o naturalismo possui um olhar anatômico, ressaltando a doença e o aspecto animalesco do ser humano.

realismo retrata o homem psicológico, enquanto o naturalismo propõe o homem biológico.


Correntes de pensamentos que influenciaram o REALISMO na literatura. 

Se o realismo propõe retratar o homem em interação com seu meio, o naturalismo vai ainda um pouco além: expõe o indivíduo como um produto biológico, cujo comportamento é determinado a partir dessas relações com o meio e de acordo com suas características hereditárias.


O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos.
Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.


determinismo é uma corrente teórica que afirma que há um conjunto de condições que determinam as ações dos sujeitos no mundo, especulando, portanto, a existência de uma grande coesão universal que interliga todos os indivíduos como partes de um só contexto.





* Objetividade – Digamos que ela foi o elemento preponderante na estética então em voga, funcionando como uma espécie de repúdio ao sentimentalismo exacerbado dos românticos. De acordo com essa concepção, os fatos deveriam ser observados com total precisão para, posteriormente, serem representados.

* Racionalismo – Como antes mencionado, toda a explicação para os fenômenos sociais tem suas raízes na ciência, ora pautada pela razão.  

* Materialismo – Em se tratando dos fatos psicológicos, até mesmo eles submetem-se às leis naturais e são considerados manifestações materiais. Dessa forma, busca-se a verdade na realidade material, e não na capacidade imaginativa do ser humano, muito menos em seus sentimentos.

* Contemporaneidade – O que interessa é o momento presente, o agora. Não mais existe espaço para o saudosismo, para a exaltação das raízes históricas, tal qual na estética romântica.


Como marco introdutório do Realismo, citamos a magnífica obra de Gustave Flaubert, Madame Bovary, publicada em 1857, na França. O autor, usufruindo de sua magistral habilidade artística, criou uma personagem, Ema Bovary que, vivendo em meio a um casamento que lhe rendeu frustrações, acabou conhecendo outra pessoa e por ela apaixonando-se. Contudo, no final, morreu sozinha e infeliz por não saber enfrentar a própria realidade. Sem mais delongas, o fato é que o autor se propôs a revelar de forma contundente o perfil dos personagens burgueses de então, considerado algo inovador para aquela época, pois até então a união amorosa superava todos os obstáculos em função dos valores pregados pela própria burguesia, como por exemplo, o matrimônio, a religião, a pureza, fidelidade e nobreza de caráter por parte da heroína.                                                               

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte






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