As características do Arcadismo foram criadas durante um período que se contrapõe ao Barroco, escola literária que operou antes do Arcadismo. O Barroco era totalmente rebuscado ligado ao conflito de sentimentos, exagero e religiosidade. Já o Arcadismo oferta uma vida mais simples, com base na natureza.
No Brasil, o Arcadismo teve como marco inicial a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica
Para compreender melhor as características do Arcadismo é necessário saber o que acontecia em Portugal, berço desse movimento, durante o ano de 1.700. O Iluminismo estava em ascensão, o que marcou o período conhecido como “Século das Luzes”. Isso porque as ideias estavam ligadas à metáfora do acender de uma lâmpada.
Nesse período, aconteceu também a Revolução Francesa com a Queda da Bastilha, marco da história moderna no Ocidente.
A Queda da Bastilha foi o marco inicial da Revolução Francesa, em 1789. Era a prisão onde os inimigos políticos da monarquia francesa ficavam presos. A Bastilha foi o principal símbolo da força absolutista na França. Quando foi tomada e destruída pelos revolucionários, marcou o começo do fim do reinado de Luís XVI e o início da revolução que inauguraria a Idade Contemporânea.
Em consequência a burguesia fica em ascensão, o que muda o público que consome leitura. Outro grande momento foi a Revolução Industrial, que põe em giro o maquinário e o capitalismo. Esses fatores influenciaram nas características do Arcadismo na Europa.
Nesse contexto, surgiu o Arcadismo, sugerindo que tudo deve ser pensado e questionado. A teoria é que para tudo existe uma explicação através da razão.
Já no Brasil, o Barroco estava em alta, e em Minas Gerais o minério era a atividade econômica mais forte do país. O Brasil passava por um forte período de colonização, e paralelo a esse fator acontecia também a Inconfidência Mineira, que gerou os primeiros movimentos de independência.
A Inconfidência Mineira contribuiu diretamente para as características do Arcadismo, no que diz respeito à literatura. Isso porque escritores em sua maioria fizeram parte desse movimento e foram entregues por Joaquim Silvério, o que resultou no enforcamento de Tiradentes e no exílio de outros escritores.
Principais características do Arcadismo
Como o Arcadismo surgiu com a proposta de contrapor o Barroco, a transição foi lenta por causa da quebra de paradigmas, em especial no Brasil. Isso porque a corrente foi trazida para o país através de filhos de burgueses que viajavam para estudar em Lisboa, e depois retornavam, achando o cenário “brega” e ultrapassado.
Sendo assim o Conceptismo (estilo Barroco) representado pelo conflito, excesso e o forte traço religioso começou a se dissolver. Com o novo estilo, passou a ser evidenciado:
• Busca da simplicidade, da razão e do equilíbrio
• Inspiração na natureza
• Reprodução dos clássicos com base na cultura Greco-Romana
• Eliminação da subjetividade, dos sentimentos expressados com exagero
• Amor galante, a mulher passou a ser exaltada e cortejada de forma muito elegante
Além desses pontos existem outros dois que são muito fortes e são imprimidos nas características do Arcadismo. São eles o Bucolismo e o Pastoralismo. O primeiro, está relacionado à natureza e tudo que está ligado a ela: moradia, passeios, forma de escrever, além das artes em geral. É a tradução do homem vivenciando a natureza.
Já o segundo, vem dos pastores que passam horas nos campos com as pastoras, com as ovelhas, cercados por cachoeiras, árvores, explorando ainda o dia, o sol e os ventos frescos.
Era muito comum também a exploração do latim nos poemas e também no cotidiano. Exemplos:
• Fugere Urbem: fugir do urbano; fugir da cidade
• Locus Amoenus: lugar calmo, viver na natureza;
•Aurea Mediocritas: viver tranquilamente, sem excessos...
• Inutilia Truncat: conviver com o essencial; “tirar o inútil”
•Carpe Diem: aproveitar o dia, curtir o simples como apreciar a natureza;
• O eu poético: exaltação da natureza e da mitologia;
• Crítico: absorveu a filosofia do Iluminismo, fazendo forte crítica à burguesia e ao estilo de vida dos burgueses;
•Pseudônimos pastoris: os poetas fingiam outra identidade, se autointitulado pastores e assinavam suas obras como tal. As obras eram marcadas ainda pela simulação de sentimentos inexistentes.
Os pensadores iluministas queriam trazer a humanidade para a luz da razão, iam contra o domínio da igreja católica e da monarquia absolutista, defendendo o uso da ciência e da razão, assim como maior liberdade nos campos da política e economia.
Tipos de produção do Arcadismo
Existem dois tipos de produções que mais marcaram o período e as características do Arcadismo na literatura. São elas a Lírica e a Épica. Segue descrição de cada uma com suas definições:
Lírica: Poemas feitos com características simples, sem muito enfeite, exagero ou emoções dramáticas.
Épica: Era baseada no racionalismo, na valorizada os grandes feitos, no heroísmo do índio em detrimento ao homem branco.
Principais autores do Arcadismo
Em Portugal:
• Manuel Maria Barbosa du Bocage
• Antônio Dinis da Cruz e Silva
• Pedro Antônio Correia Garção
• Marquesa de Alorna
• Francisco José Freire
• Domingos dos Reis Quita
• Nicolau Tolentino de Almeida
• Filinto Elísio
• Antônio Dinis da Cruz e Silva
• Pedro Antônio Correia Garção
• Marquesa de Alorna
• Francisco José Freire
• Domingos dos Reis Quita
• Nicolau Tolentino de Almeida
• Filinto Elísio
No Brasil:
• Cláudio Manuel da Costa – Introduziu o Arcadismo no Brasil com o livro Obras. O livro apresenta características do Arcadismo mas ainda é marcado também por traços do Barroco.
• Tomás Antônio Gonzaga
• Alvarenga Peixoto
• Basílio da Gama
• Frei Santa Rita Durão
• Tomás Antônio Gonzaga
• Alvarenga Peixoto
• Basílio da Gama
• Frei Santa Rita Durão
Obras
Para entender melhor as características do Arcadismo, segue poema de Cláudio Manoel da Costa, em A poesia dos inconfidentes:
Torno a ver-vos, ó montes; o destinoAqui me torna a pôr nestes outeiros,Onde um tempo os gabões deixei grosseirosPelo traje da Corte, rico e fino.Aqui estou entre Almendro, entre Corino,Os meus fiéis, meus doces companheiros,Vendo correr os míseros vaqueirosAtrás de seu cansado desatino.Se o bem desta choupana pode tanto,Que chega a ter mais preço, e mais valiaQue, da Cidade, o lisonjeiro encanto,Aqui descanse a louca fantasia,E o que até agora se tornava em prantoSe converta em afetos de alegria.
Arcádia era uma província da antiga Grécia. Com o tempo, se converteu no nome de um país imaginário, criado e descrito por diversos poetas e artistas, sobretudo do Renascimento e do Romantismo.
Neste lugar imaginário reina a felicidade, a simplicidade e a paz em um ambiente idílico habitado por uma população de pastores que vivem em comunhão com a natureza, como na lenda do nobre selvagem. Neste sentido possui quase as mesmas conotações que o conceito de Utopia ou o da Idade do ouro. Os habitantes foram muitas vezes considerados como tendo continuado a viver à maneira da Idade de Ouro, sem o orgulho e a avareza que corrompeu outras regiões.
O tema é parte de mitos da Grécia antiga e era mencionado nos contos e nos discursos de alguns sábios como exemplo de vida.
POETAS FINGIDOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário